Geoffrey de Monmouth, Robert de Boron, Guimarães Rosa: o Selvagem em trÁªs tempos
DOI:
https://doi.org/10.46553/LET.86.2022.p163-183Palabras clave:
Matéria de Bretanha, Mitologia, Selvagem, Cultura, CivilizaÁ§ãoResumen
O mito do Selvagem como tal é criaÁ§ão puramente literária, que teve sua configuraÁ§ão mais característica a partir do século xii; porém, termos limítrofes como exílio ou banimento, por exemplo, comuns na Alta Idade Média e referindo «o exilado», «o errante», apontam para realidades paralelas. Dentro da matéria arturiana, um bom testemunho é o ambíguo Merlin, filho de um íncubo (demÁ´nio) e de uma virgem (cristã), recolhido na floresta por decepÁ§ão –com as guerras (Vita Merlini) ou com a amada (Suite du Merlin), que o enterrou vivo sob um rochedo. Sendo mito, a persona do Selvagem recua a remotas eras de convivÁªncia do homem com a floresta e com os animais, ligando-se inevitavelmente Á tradiÁ§ão clássica greco-romana e Á riqueza de lendas folclóricas –pagãs, cristãs, africanas, ameríndias, sempre no encalÁ§o de penetrar na complexidade daquela relaÁ§ão. Envolvendo, ainda, pares intrigantes como sanidade / loucura, cultura / civilizaÁ§ão, o Selvagem, assim concebido, chega aos dias de hoje, aqui trazido pela óptica arguta de Guimarães Rosa. São as linhas gerais, e comparativas, do que se pretende examinar neste ensaio.
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